O Brasil vai conhecer no último dia do Troféu Maria Lenk 2016, pela primeira vez, o contador digital de voltas, o mais novo dispositivo eletrônico desenvolvido pela Omega, empresa responsável pela cronometragem eletrônica das provas de natação em Jogos Olímpicos e Campeonatos Mundiais.
Este contador digital é como uma caixa preta com um grande display luminoso de 2 números, que fica no fundo da piscina, a 5 metros da borda oposta da saída.
O objetivo dele é o mesmo que as placas de contagem que normalmente são utilizadas em todo mundo: informar os nadadores das provas individuais de 800 e 1500 metros quantas voltas faltam para ele terminar a prova.
Válido apenas para estas provas – não para provas de 400 metros – as placas são de tamanho suficiente para que o nadador consiga ver o número que é mostrado a ele pelo juiz de volta da sua raia.
A regra da FINA SW 2.6.3 determina que o número de voltas que deve ser mostrado deva ser ímpar e sempre o número de voltas que resta (ou seja, começando do maior número para o menor).
Em provas de 800 metros, em piscina longa, a placa de contagem deve iniciar então no número 15, e decrescendo de 2 em 2. Já em piscina curta, a contagem deve iniciar no número 29, decrescendo de 2 em 2.
Em provas de 1500 metros, em piscina longa, a placa de contagem inicia-se no número 29, decrescendo de 2 em 2, enquanto que em piscina curta, a contagem inicia-se em 59.
O nadador já sabe que ele terá à disposição essa contagem providenciada pelo juiz de volta. O que o nadador e o juiz devem combinar (com auxílio do treinador) é como o número será mostrado ao nadador. Existem atletas que preferem olhar antes da virada, erguendo a cabeça, e por isso pede pro juiz mostrar a placa no meio da raia, próximo do chão. Normalmente a placa é mostrada na altura do juiz, do lado esquerdo ou direito da raia, e o nadador força a cabeça para olhar mais atrás após a virada para ver o número. E existe ainda a possibilidade do juiz colocar a placa dentro d’água, evitando que o nadador mexa muito sua cabeça no momento da virada. Uma vara pode auxiliar o juiz a colocar a placa nestes casos, mas no Brasil isso não é comum.
Com o novo dispositivo eletrônico, ele já se encontra submerso na piscina, não atrapalhando de forma alguma o nado do atleta. Como ele encontra-se 5 metros antes da virada e seu display é luminoso, o atleta consegue verificar o número com o mínimo de alteração em sua técnica de nado.
A cada virada, o número de voltas é atualizado automaticamente, não sendo necessário intervenção humana para controlar a contagem.
Antes da última piscina (faltando 55 metros em piscina longa e 30 metros em piscina curta), o dispositivo não exibe o número 1 mas sim a cor vermelha, indicando que é a última virada que o nadador deve realizar para completar a prova.
A regra atual da FINA não permite que sejam utilizados dispositivos que orientem o atleta com relação ao tempo, como relógios. Mas como informa o árbitro Daniel Schneider direto do Estádio Aquático Olímpico, o dispositivo usado no Brasil vai mostrar o tempo dos atletas sob autorização da própria FINA, uma novidade até mesmo para a própria regra e um prenúncio de que uma mudança nesta regra poderá ocorrer em 2017.
O contador eletrônico de voltas foi introduzido inicialmente no Campeonato Mundial de Piscina Curta de 2014, em Dubai, e foi amplamente usado no Campeonato Mundial 2015, em Kazan. Ele será usado também nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Em geral, os atletas foram muito positivos com relação à novidade, causando distração a poucos outros.
Confira na prática como funcionou o contador, apesar de não haver uma aproximação da câmera, é visível os dispositivos na marca dos 5 metros antes da virada: