O vídeo a seguir foi publicado no Facebook e amplamente divulgado. Ele retrata a chegada da prova dos 50m livre infantil 1 masculino, durante o Campeonato Brasileiro Infantil de Inverno – Troféu Ruben Dinard de Araújo, realizado no dia 27 de junho na piscina da UEPA, em Belém, Pará:
Filmado pelo pai do atleta Bernardo Brandão, que nada na raia 3 (a raia na parte superior do vídeo é a raia 0, que está vazia, seguida pela raia 1, com atleta nadando nela), o vídeo foi criado para mostrar a insatisfação dele – e de muitos outros pelo visto – com a definição da ordem da chegada da prova.
Este é o resultado oficial da prova:
O nadador da raia 2 (2a. raia de cima pra baixo – com nadador nela – no vídeo exibido) foi o campeão da prova.
Mas, pelo vídeo, mesmo que tremido ou com o ângulo da filmagem ou ainda pela qualidade, claramente o campeão não foi o atleta da raia 2.
No placar eletrônico, o vencedor seria a raia 4, enquanto que a raia 2 chegou em 8o. lugar:
Mas após a oficialização dos resultados, esse foi o placar exibido, que aliás reflete o resultado que até hoje permanece:
Existem três coisas a destacar neste singelo caso que, vendo apenas estes itens, é considerado uma injustiça e, na conclusão, um erro grave de arbitragem:
- Segundo informações colhidas entre os que estavam presentes na competição, não havia juízes de chegada na prova. Isso não é bem um erro de arbitragem, mas ao abdicar a presença de juízes, o árbitro geral vai confiar no equipamento de cronometragem eletrônica;
- Esta alteração que o placar eletrônico sofre no momento da chegada até os resultados oficiais (o momento em que a raia 2 passa a ser o 1o. lugar) é muito comum em cronometragem eletrônica. O tempo exibido primariamente é o tempo obtido pela placa de toque. No computador, todos os tempos são exibidos e nesse caso foram o tempo da placa e o tempo da pêra (única pelo que confirmamos no vídeo). Após julgamento do árbitro geral, o tempo é oficializado entre o da placa e o da pêra, e então o placar eletrônico exibe o tempo corrigido (por isso você ouve, às vezes, o locutor dizer “os tempos do placar são oficiais”);
- Não foi confirmado se o árbitro geral julgou o tempo baseado apenas no tempo da pêra (semi-automático, que significa que foi disparado junto com a partida automática, mas finalizado manualmente pelo cronometrista), ou comparou os tempos com o tempo do cronômetro (que também vemos no vídeo que foi utilizado).
Apresentar o vídeo como recurso, como já ocorrido diversas vezes anteriores, é inútil, pois a regra da FINA não aceita recursos baseados com filmagens que não seja as oficiais (além de que a regra é restritiva apenas para Campeonatos Mundiais e Jogos Olímpicos).
Faltou sensatez por parte do árbitro geral da competição ou ainda faltou um melhor argumento do técnico ao conversar com o árbitro geral para rever a decisão (atenção que árbitro geral não aceitará reclamações de pais e atletas, pois apenas o técnico estaria credenciado para agir em nome da equipe, o que ocorre durante o Congresso Técnico na abertura da competição).
Olhando criticamente, o árbitro geral seguiu a regra e até aí não há nada de errado.
O que impressiona é que tanto o atleta da raia 2 quanto seu técnico concordaram com a decisão de colocá-lo como campeão da prova. Se havia alguém que poderia pesar na decisão de reverter o resultado eram estas duas pessoas.
O que, ao que parece, não ocorreu. Ou, se ocorreu, não foi oficializada na CBDA.
E agora, nada mais resta a fazer. As contestações devem ser feitas obrigatoriamente na competição. Apenas as ocorrências relacionadas como violentas é que são julgadas pelo Tribunal de Justiça Esportiva.
Antes do meu agradecimento, preciso parabeniza-los por esta matéria. Talvez assim os árbitros não fiquem míopes e acovardados com a prerrogativa do vídeo oficial. Um pouco de boa vontade e bom senso em assisti-lo na hora , certamente os levariam a pesquisar com mais detalhes as discrepâncias dos tempos. Ai, o vídeo não precisaria ser uma priva contundente, mas apenas um indicativo de que algo estava MUITO errado. Por sorte, a maturidade do atleta Bernardo Brandão , não se abalou com este resultado , pois sabia que tinha chegado em 2o. Pior foi o 3o lugar que não foi devidamente reconhecido e recompensado no pódium e com a medalha. Infelizmente a nossa cultura de Gerson fez com que o atleta e seu técnico ficassem omissos e aceitassem este resultado. Os atletas que foram prejudicados disseram “Impossível ele não saber que não bateu em 1o . A distância era muito grande”. Ao atleta João Pedro, espero que honre a raia 4 no próximo Brasileiro. Se o balizamento não mudar terá que encarar as raias 3 e 5, com o Lucas e o Bernardo, desta vez sem ajuda. Assim esperamos.