terça-feira, outubro 15, 2024
InícioNadadorO dispositivo auxiliar de saída de costas

O dispositivo auxiliar de saída de costas

Saída de costas usando o novo dispositivo auxiliar de saída de costas
Saída de costas usando o novo dispositivo auxiliar de saída de costas

Aprovado em 2013 na Assembléia Geral da FINA, testado durante o ano de 2014 e implantado oficialmente em 2015, o dispositivo auxiliar de saída de nado costas (backstroke start device, em inglês) é uma novidade ainda em nível mundial que atinge todos os envolvidos na piscina: nadadores, técnicos e árbitros. No Brasil, ainda não houve nenhuma competição nacional com este equipamento.

A idéia era simples: era preciso achar algo para evitar que o nadador escorregasse na saída de costas, que acontece com atletas mirins a até atletas olímpicos, como ocorreu no vídeo abaixo com a campeã olímpica Elizabeth Beisel durante o campeonato americano em 2014:

O nadador “escorrega” porque ou a placa de toque – instalada na grande maioria de competições – ou a parede não é suficientemente áspera para dar ao nadador uma aderência perfeita no pé quando ele empurra a parede para avançar ao início da prova. Muitas vezes, o movimento do pé empurrando a parede não é horizontal, mas um pouco vertical porque o nadador além de se afastar o mais rápido possível da parede tem também que aproveitar para fazer aquele arco da saída de costas que lhe dá vantagem para executar o nado submerso. Isso causa a “escorregada”, porque o pé não estará totalmente apoiado na parede, mas parte dele e, para profissionais, quase só os dedos.

O dispositivo de saída de costas instalado num bloco de partida
O dispositivo de saída de costas instalado num bloco de partida

O dispositivo não pode ser instalado em qualquer bloco de partida. Ele é baseado em encaixe e entra no bloco de partida, cujo padrão mundial é baseado na Omega, empresa suíça que patrocina a FINA e o COI.

Ele é composto de 3 partes: o corpo que é encaixado no bloco de partida, a corda e uma espécie de tábua de plástico duro, com ranhuras.

A "tábua" que é onde o pé do nadador se apoia, ela é feita de plástico duro e com ranhuras
A “tábua” que é onde o pé do nadador se apoia, ela é feita de plástico duro e com ranhuras

O corpo é ainda dividido em:

  • barra de apoio, é a parte mais superior do dispositivo, que nada mais é que uma barra para usar na remoção ou colocação do dispositivo no bloco de partida
  • ajustador, é um disco numerado onde é preciso primeiro puxar para fora para poder ajustar o tamanho da corda, e como funciona com pressão baseada em mola, o disco volta à posição original. Este disco encaixa-se em um tubo dentado, evitando assim que a corda seja afrouxada acidentalmente (veja os detalhes do disco e do tubo dentado na imagem abaixo)
    Screen Shot 2015-08-15 at 10.56.13
  • o disco numerado indica quantos centímetros a tábua suspensa pelas cordas deve ficar acima ou abaixo do nível d’água. Em piscina de padrão mundial, como a Myrtha Pool, a posição 0 indica nível d’água, enquanto -1, -2 ou -4 indica abaixo do nível d’água, e +1, +2 ou +4 indica acima do nível d’água.

Vale notar que apesar de padrão, a própria Omega começou o desenvolvimento com um dispositivo que não tem o ajuste de altura da tábua, como a foto a seguir, e outros fabricantes também seguem este tipo por causa de custos de produção:

 

Se você tiver oportunidade e ver um dispositivo desse, peça para testá-lo, usá-lo e ajustá-lo.

O corpo do dispositivo da Omega não é pesado, tem cerca de 750 gramas. Já a tábua, pesa 1,2 kg e realmente precisa ser mais pesada para que não fique flutuando na água. Então para quem for manipulá-lo, não se trata de um peso que irá causar muito esforço para a pessoa que estiver mexendo nele.

E quem é essa pessoa?

Em campeonatos de nível nacional, o responsável para encaixar os dispositivos no bloco de partida é o juiz de virada. Em campeonatos internacionais, irá depender da estrutura da competição, mas é possível que o pessoal responsável pelo equipamento de cronometragem é que façam a instalação e remoção do dispositivo, embora em provas de revezamento medley é quase impossível de apenas 2 ou 4 pessoas removam todos os dispositivos do bloco para que o próximo atleta do revezamento faça uso do bloco de partida… Então naturalmente o juiz de virada é quem deve ser responsável pelo dispositivo.

Técnico da cronometragem instalando os dispositivos
Técnico da cronometragem instalando os dispositivos

Ao iniciar uma prova de costas, o árbitro instala o dispositivo no bloco, colocando o apoio dos pés (a parte ajustável no topo do bloco) na posição mais afastada. O sistema de encaixe é bem simples e ele se auto-trava devido ao ângulo de encaixe.

O que é repetido constantemente em reuniões de árbitro é a causa do maior problema com esse dispositivo: a forma que a corda tem que descer do dispositivo para a água.

backstrokestart-e1426889895568

 

Note que a corda desce por baixo, dessa forma se o atleta empurrar a tábua para baixo, o dispositivo também é empurrado para baixo, mas graças ao encaixe ele permanece fixo.

Se a corda descer por cima, quando o nadador empurrar a tábua para baixo, a corda puxará o dispositivo PARA FRENTE, o que causará o desencaixe dele do bloco de partida. Assim, o nadador além de “escorregar”, também poderá se machucar com o aparelho caindo n’água, o que já aconteceu em alguns campeonatos canadenses.

Após a partida, o árbitro irá completar sua função verificando a saída do nadador e quando terminar esta função, irá recolher a tábua da água, puxando um pouco a corda e pegando a tábua e colocando-a em cima do bloco, de forma que não atrapalhe o nadador, o árbitro e os cronometristas.

Ao término da prova, após o nadador se retirar da raia, a tábua é novamente colocada na água, respeitando-se a posição da corda (sempre com o rolamento por baixo) e ajustando o disco para a posição zero.

Vale notar que esse dispositivo é o padrão FINA/COI, mas existem outros já no mercado que usam diferentes mecanismos (que nós não testamos) como os exemplos abaixo:

Voltando à arbitragem, o que o árbitro deve ficar atento quando houver o uso desse tipo de equipamento:

  1. Alguma parte do pé do nadador deve tocar a parede ou placa de toque. O árbitro deve estar verificando os pés do atleta no momento da preparação para a saída. Se notar que algum pé está completamente apoiado na tábua, sem qualquer contato com a parede ou placa de toque, o nadador é desclassificado;
  2. Geralmente, o nadador é responsável pelo ajuste da altura do dispositivo. O árbitro ajuda se o nadador soliticar;
  3. É um item opcional. O nadador tem o direito de recusar o uso desse dispositivo;
  4. Se o dispositivo prejudicar o nadador na saída, ele tem direito de repetir a prova. No entanto, se ele escorregar mas não houver dispositivo instalado ou ainda ele escorregar mesmo com o dispositivo instalado (e ele não apresentou problema), o nadador não tem direito de repetir a prova – o que aliás é o normal numa piscina sem qualquer dispositivo;
  5. Com o uso do dispositivo, fica proibido o uso de toalhas para colocar em cima ou embaixo da placa de toque;
  6. O nadador, com ou sem esse dispositivo, pode ficar com o corpo completamente fora d’água. No entanto, a regra dos pés estarem ambos tocando a placa de toque ou parede deve ser respeitada.
Árbitro de Nataçãohttp://www.regrasdenatacao.com.br/
Olá, eu sou o árbitro de natação e adoro discutir sobre regras de natação. Leia, releia, discuta e conheça as regras que movimentam o nosso esporte.
RELATED ARTICLES

Most Popular

Recent Comments

ALCIDES PEREIRA DA SILVA on Vídeo: como é uma virada de costas regular
Lidyane Maciel on As categorias no Brasil
Bruno Gouvea on A saída de mergulho
Guilherme da Silva on Nado borboleta na categoria master
Maria Salete ribeiro on As categorias no Brasil
GABRIELA AMANCIO VELOSO on Como é calculado o índice técnico
Sandra Belarmina da Silva Rodrigues on As categorias no Brasil
Anonimo on Regras oficiais
Victor hugo on A saída de mergulho
Marco Túlio Vichinski Rocha on As categorias no Brasil
Gilson Ataides Rodrigues on As categorias no Brasil
Marcia on Regras oficiais
Fabiana Machado Santos on As categorias no Brasil
José Carlos on Regras oficiais
Eduardo Alvim on Regras oficiais
Marco Batista on Entre em contato!
Marco Aurélio Marques Batista on Entre em contato!
Marco Aurélio Marques Batista on Árbitros brasileiros relacionados na FINA
wendell de oliveira freire on Entre em contato!
luis on Regras oficiais
Erlon Pinheiro on Regras oficiais
paulo roberto de souza on Regras oficiais
Natan Cyrino Volpini on Entre em contato!
Natan Cyrino Volpini on Perfil: Marcelo Falcão
hudson furlanetto silva on Virada errada de costas
Fenelon Vieira de Carvalho on Como é feito um balizamento?
miguel on Regras oficiais
Ninfa Aliaga Tello on Perfil: Marcelo Falcão
arbitro on Regras oficiais
Eduardo on Regras oficiais
Fernando Franco on A saída de mergulho
Fenelon Vieira de Carvalho on Mudanças no nado peito
arbitro on Regras oficiais
Julio Cesar on A posição dos pés
Ronaldo Marra on A posição dos pés
arbitro on Trajes aprovados
celso dolivo on Trajes aprovados
Germano Colling on A posição dos pés
jose estevam simoes on Entre em contato!
Ernesto Lima Filho on Entre em contato!
LUIZ FERNANDO on As categorias no Brasil
Daniel Takata on Swim-off: o que é isso?
Alexandre on A saída de mergulho
Adalberto on Voltando a submergir
Adalberto on Regras oficiais
Andréa Coêlho on Regras oficiais