Por Alex Pussieldi* (reprodução da Best Swimming, link original)
A UANA é a União de Natação das Américas, órgão que é presidido por Coaracy Nunes e que reúne todas as federações de esportes aquáticos das Américas. São 41 países membros e responsável pela organização de diversos eventos, entre eles, toda a parte técnica dos esportes aquáticos dos Jogos Pan Americanos.
Uma das filosofias da UANA é dar oportunidade a todos os países membros em suas ações, e dentre estas, a arbitragem dos Jogos Pan Americanos é formada por integrantes destas federações.
Esta filosofia, valoriza os filiados a UANA e prejudica a qualidade da arbitragem. O nível de árbitros que se viu em Toronto foi péssimo, e não faltou mancadas e erros. Alguns até básicos e primários.
* Desculpem a qualidade da foto oficial do grupo, mas não ficou distante da qualidade do trabalho.
Veja a lista que a Best Swimming encontrou:
01) A fita na mão de Michael Weiss dos Estados Unidos
A arbitragem do Pan não errou ao desclassificar o revezamento dos Estados Unidos pelo uso não autorizado da fita e uma pequena tala nos dedos da mão esquerda do nadador Michael Weiss. Quem errou foi o banco de controle que tinha obrigação de inspecionar os atletas antes do acesso a piscina, evitando tal tipo de situação. Como erro de direito, os americanos conseguiram reverter a desclasificação.
02) Toucas patrocinadas e estranhas
A regra da ODEPA e FINA são claras. Patrocinadores com espaço maior do que o determinado, clubes/universidades não podem ser utilizados em toucas pelos atletas. Não foi nem um, dois, mas muitos, muitos que burlaram a regra sem qualquer problema.
03) A regra do balizamento dos 400 livre eliminatória & final
Aprovada em 2013, a nova regra de balizamento para as competições com eliminatórias e finais está clara na SW 3.1.1.2 onde os 16 melhores tempos nadam as duas últimas séries. Aqui, Leo de Deus, terceiro melhor tempo da competição caiu na primeira das três séries, ou seja, foi utilizada a regra antiga.
04) A não desclassificação de Emily Overholt pela virada costas/peito
A emissora oficial dos Jogos Pan Americanos, não esperou para saber qual tinha sido o motivo da desclassificação da nadadora Emily Overholt na sua vitória dos 400 medley. O sistema internacional de geração de imagens buscou e encontrou uma irregularidade na virada do costas para o peito pela jovem nadadora. Overholt perdeu a chamada posição dorsal ao olhar para o fundo momentos da virada. Era para ter sido desclassificada, não foi.
05) A troca de raias das nadadoras argentinas dos 100 peito
Numa competição internacional, onde existem, ou pelo menos deveria existir, dois ou três bancos de controle, uma checagem exigente e rigorosa, principalmente por se tratar de um evento caro, sendo transmitido para dezenas de países não poderia acontecer isso.
Nas eliminatórias dos 100 peito feminino, Macarena Ceballos e Julia Sebastian, ambas da Argentina, nadaram na mesma série, mas em raias trocadas.
Isso não é uma competição regional, algo local onde erros como estes acontecem. Estamos falando de uma competição de padrão mundial, onde princípios básicos como estes jamais poderiam acontecer.
06) Árbitros tirando fotos e usando o celular
Isso é quase impensável e inacreditável. Uma vergonha o que o quadro de árbitros da UANA fez neste Pan Americano. Entre alguns destes árbitros, fotos eram tiradas durante as provas, telefone celular nas mãos e sendo escondidos rapidamente. Fotos até com flash! Patético e muito triste para uma competição que não merecia este tipo de deserviço.
07) A saída prematura dos 50 livre nas eliminatórias
A regra da saída não estabelece um tempo entre o comando “Take your marks” e a execução do sinal de partida. Este intervalo é determinado pelo ajuste e tomada de posição de todos os atletas e sua completa imobilização. Existe um outro elemento chamado bom senso onde o árbitro deve interpretar que o momento da partida seja executado em benefício dos atletas. Os árbitros existem somente para manter a integridade e a lisura dos eventos, sempre preservando os atletas e suas performances. O árbitro que deu a partida dos 50 livre masculino na última série da manhã foi um desastre. Prejudicou a todos, alguns inclusive perdendo a chance de voltar para a final A. Um erro grave e que cabia a anulação da série e repetição da mesma. Recebemos a informação de que o árbitro pediu DESCULPAS depois do episódio, isso mesmo, você leu correto: DESCULPAS!
08) A saída acidental da final dos 800 livre feminino
As oito melhores nadadoras dos 800 livre feminino estavam no bloco para a partida da prova que abriu a última etapa do programa. A árbitra de partida canadense ao invés de pressionar o botão do microfone, apertou o botão da partida, levando quatro nadadoras a água. Mais uma das trapalhadas.
09) A desclassificação de Thiago Pereira
Não vamos discutir a alternância de mãos na parede que a regra SW 7.6 proíbe. Pelas imagens as conclusões são diversas e inconclusivas. Mesmo que na dúvida a vantagem seja do atleta, e mesmo que tenhamos assistido dezenas de vezes a cena e mesmo assim geram dúvidas, fica difícil acreditar como pode a árbitra da raia 6 na altura dos 200 metros dos 400 medley de Thiago ter identificado a violação. Só que ela não identificou a alternância de mãos na parede, e sim “One hand touch”, ou seja, que Thiago não teria tocado as duas mãos na borda. Isso foi diferente do que aconteceu com Emily Overholt na prova anterior onde a papeleta indicou “Alternate hands touch”, ou seja, duas infrações distintas, mas previstas na mesma regra.
Quem viu a cena, pode até achar que houve toque alternado, mas jamais, jamais, jamais irá concordar com o que viu a árbitra da Venezuela que indicou que Thiago não tocou a mão direita na parede. A cena é clara e límpida. Thiago chega a deslizar a mão na parede antes de tirá-la.
10) O acesso indevido de atletas a mesa de arbitragem
Thiago Pereira foi desclassificado nos 400 medley e não só teve acesso a mesa de arbitragem como fez parte das discussões, conversou com o árbitro que respondeu e explicou o motivo da sua desclassificação. Isso jamais poderia acontecer. O máximo seria uma notificação ao atleta indicando a irregularidade. O que se viu foi um atleta tendo a possibilidade de explicar, se defender em uma decisão tomada pela arbitragem. Falta de postura total.
11) Incapacidade de administrar as pendências
Uma competição não se pára. Para isso existe a comissão de arbitragem que analisa, julga e discute. A arbitragem toca a competição. O que se viu em Toronto foi uma competição que teve várias paralisações por conta das controvérsias, protestos e que atrasaram e modificaram o programa da competição.
12) Acesso indevido das câmeras de TV
As cenas que você assistia dos árbitros conversando e discutindo, papéis sendo trocados, opiniões sendo discutidas eram do sistema internacional de TV. Tivemos acesso pelas imagens as decisões dos árbitros, algo impensável em termos de Campeonatos Mundiais e Jogos Olímpicos. A decisão da arbitragem deveria ser algo privado, jamais uma equipe de TV poderia ter acesso a troca de mensagens e papeletas. Outro erro de falta de postura profissional que ilustra bem o nível e a qualidade do péssimo trabalho executado no Pan Americano.
NOTA DA BEST SWIMMING:
Existem bons árbitros no grupo que atuou na competição, estes não são culpados do que está listado acima e muitas outras coisas do que não apuramos, mas vítimas de terem de atuar com pessoas não qualificadas que comprometeram o trabalho da equipe de arbitragem. Um destes exemplos é o árbitro brasileiro Jefferson Borges, responsável pela decisão (correta) de desclassificar a equipe americana do 4×100 livre quando o nadador Michael Weiss apareceu com o esparadrapo e a bandagem na mão esquerda. Agiu corretamente e junto com o outro árbitro brasileiro Marcelo Falcão sofreu durante estes cinco dias ao integrar um grupo tão desqualificado.