quinta-feira, março 28, 2024
InícioNadadorA golfinhada no nado de peito

A golfinhada no nado de peito

O nado de peito é o assunto mais tratado em cursos de arbitragem e até mesmo em discussões de árbitros numa competição.

O assunto “golfinhada no nado de peito” tomou proporções globais com as exibições submersas do japonês bicampeão olímpico Kosuke Kitajima, em sua apresentação na Olimpíada de Atenas em 2004:

A golfinhada, só vista pela câmera submersa, é sem dúvida ilegal, mas na época não constava nada explícito na regra da Fina. Americanos protestaram, mas não adiantou. O uso de imagens para julgamento ainda é, até hoje, restrito para Olimpíadas e Mundiais e apenas para julgamento de chegada, em caso de falha na cronometragem eletrônica. Imagens submersas então, ainda pode demorar mais ainda, visto que a estrutura é maior e deve haver câmera submersa controlada remotamente nas 8 ou 10 raias!

De 2004 para 2012, passamos por outras polêmicas, incluindo o próprio Kitajima em 2008, mas agora mais “protegido” pelas regras, onde atualizou-se o item 7.1:

SW 7.1 After the start and after each turn, the swimmer may take one arm stroke completely back to the legs during which the swimmer may be submerged. A single butterfly kick is permitted during the first arm stroke, followed by a breaststroke kick.

Traduzindo livremente (lembre-se que o que vale é a regra escrita em inglês), “depois da saída e após cada virada, o nadador pode fazer uma puxada de braços completa até às pernas submerso. Uma golfinhada é permitida durante a primeira puxada de braços, seguida de uma pernada de peito”.

Complementando a definição “first arm stroke”, a Fina ainda exibe em sua regra:

The first arm stroke begins with the separation of the hands.

É bem difícil de julgar a separação das mãos do ponto de vista do árbitro, já que ele tem que prestar atenção nas pernas e na mão, o que humanamente é bem difícil. Mas ao menos existe a explicação-definição, o que ajuda o árbitro geral no julgamento de qualquer desclassificação.

Problema resolvido?

Não. Na verdade parece ter piorado.

Ao se permitir uma golfinhada, diversos nadadores começaram a abusar tanto na extensão dessa golfinhada quanto na quantidade. Um deles é o brasileiro Felipe França, que inclusive foi alvo de irregularidade no Campeonato Mundial de Xangai, em 2011, por causa de um movimento que lembra uma golfinhada na chegada, e que no fim das contas não pode ser considerado irregular o movimento. Confira os vídeos feitos na época:

Este mês, durante o Troféu Maria Lenk, no Rio de Janeiro, na final dos 100m peito, foi flagrado com a câmera submersa um abuso por parte do atleta da raia 8, Tales Cerdeira:

O nadador, bem como o outro atleta da raia 7, deveriam ser desclassificados, mas não foram.

A explicação para isso é que durante o mergulho da saída, a entrada do nadador na água causa as bolhas de ar, transformando a área em que ele fica mais opaca do que transparente, inviabilizando qualquer visualização clara por parte do árbitro que está julgando a saída, de pé na cabeceira da piscina.

Essa “cortina” temporária permitiu então que técnicos e atletas começassem a usar esse blecaute para realizar golfinhadas durante esse breve momento, ganhando centésimos preciosos. É um jeitinho brasileiro, iniciado por Felipe França, com grande risco e que tem que ser muito bem treinado.

Mas, para a arbitragem, tanto a golfinhada com grande amplitude realizada sem qualquer movimento dos braços quando as golfinhadas realizadas no momento da entrada na água, são irregulares.

No entanto, o árbitro deve ter certeza sobre o movimento. Em caso de dúvida, a vantagem é do nadador.

Árbitro de Nataçãohttp://www.regrasdenatacao.com.br/
Olá, eu sou o árbitro de natação e adoro discutir sobre regras de natação. Leia, releia, discuta e conheça as regras que movimentam o nosso esporte.
RELATED ARTICLES

Most Popular

Recent Comments

ALCIDES PEREIRA DA SILVA on Vídeo: como é uma virada de costas regular
Lidyane Maciel on As categorias no Brasil
Bruno Gouvea on A saída de mergulho
Guilherme da Silva on Nado borboleta na categoria master
Maria Salete ribeiro on As categorias no Brasil
GABRIELA AMANCIO VELOSO on Como é calculado o índice técnico
Sandra Belarmina da Silva Rodrigues on As categorias no Brasil
Anonimo on Regras oficiais
Victor hugo on A saída de mergulho
Marco Túlio Vichinski Rocha on As categorias no Brasil
Gilson Ataides Rodrigues on As categorias no Brasil
Marcia on Regras oficiais
Fabiana Machado Santos on As categorias no Brasil
José Carlos on Regras oficiais
Eduardo Alvim on Regras oficiais
Marco Batista on Entre em contato!
Marco Aurélio Marques Batista on Entre em contato!
Marco Aurélio Marques Batista on Árbitros brasileiros relacionados na FINA
wendell de oliveira freire on Entre em contato!
luis on Regras oficiais
Erlon Pinheiro on Regras oficiais
paulo roberto de souza on Regras oficiais
Natan Cyrino Volpini on Entre em contato!
Natan Cyrino Volpini on Perfil: Marcelo Falcão
hudson furlanetto silva on Virada errada de costas
Fenelon Vieira de Carvalho on Como é feito um balizamento?
miguel on Regras oficiais
Ninfa Aliaga Tello on Perfil: Marcelo Falcão
arbitro on Regras oficiais
Eduardo on Regras oficiais
Fernando Franco on A saída de mergulho
Fenelon Vieira de Carvalho on Mudanças no nado peito
arbitro on Regras oficiais
Julio Cesar on A posição dos pés
Ronaldo Marra on A posição dos pés
arbitro on Trajes aprovados
celso dolivo on Trajes aprovados
Germano Colling on A posição dos pés
jose estevam simoes on Entre em contato!
Ernesto Lima Filho on Entre em contato!
LUIZ FERNANDO on As categorias no Brasil
Daniel Takata on Swim-off: o que é isso?
Alexandre on A saída de mergulho
Adalberto on Voltando a submergir
Adalberto on Regras oficiais
Andréa Coêlho on Regras oficiais